7 de set. de 2009















NEUROSE


Meu sangue escalda e queima e é um rio que deriva
De uma fonte maldita onde só os cardos nascem;
Sinto-o no corpo arder como uma chama viva
Que o meu desejo e os meus cabelos incendiassem.

Minha aversão ao mundo é feroz, instintiva,
Odeio o branco e odeio os carneiros que pascem.
Dentro do coração sinto que a alma cativa
Chora como uma boca a quem amordaçassem.

Um gênio singular, de uma expressão sombria,
Acompanha-me o passo, e eu me curvo e submeto
Sempre a este anjo do mal, de asa nervosa e fria.

É o Tédio: si a asa move, um frio a alma invade.
Passa-me toda a carne e gela-me o esqueleto,
Gelando-me o vigor, gelando-me a vontade.

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